Seu filho chega em casa com o olhar cabisbaixo, evita falar sobre o dia ou inventa desculpas para não ir à escola. As risadas que antes enchiam o coração agora são substituídas por silêncios pesados. Você já se perguntou o que ele carrega consigo além da mochila? São marcas invisíveis, feridas que não sangram, mas doem demais.

Isso se chama bullying: não é “brincadeira de criança”, nem “fase passageira”. São palavras que cortam, gestos que isolam, humilhações que minam a autoestima. A vítima, aos poucos, vai se tornando uma sombra de si mesma. O medo a paralisa, a ansiedade a consome, e até o aprendizado desmorona — como concentrar-se em equações de segundo grau quando o coração sai pela boca só de pensar no recreio?

Mas há outro lado dessa história

E se fosse seu filho quem pratica o bullying? Por trás do agressor, muitas vezes, há uma dor não resolvida, uma ferida aberta que ele desconta no outro. O bullying é um grito de socorro disfarçado de crueldade. Quem machuca também está, de alguma forma, perdido — e precisa de ajuda para encontrar o caminho de volta.

Não se engane: o silêncio é cúmplice. Enquanto fechamos os olhos, vidas são transformadas em campos de batalha. A vítima carrega cicatrizes que podem durar décadas; o agressor, sem orientação, repete padrões que o afundam em consequências legais e emocionais. Ambos precisam de nós.

Imagine um mundo onde uma conversa honesta interrompe um ciclo de dor. Onde um abraço no filho que sofre diz: “Você não está sozinho”. Onde uma orientação firme e amorosa ao que agride mostra: “Há outra maneira de ser forte”. Isso não é utopia — é escolha.

Você pode ser a ponte que liga essas crianças à esperança. Observe os sinais, ouça sem julgamento, envolva a escola, busque apoio profissional. Cada gesto nosso é um tijolo na construção de um futuro onde a empatia vence o medo.

O bullying não define quem somos — mas nossa resposta a ele sim. Queremos que as próximas páginas dessa história sejam escritas com coragem, compaixão e cura?

Seja a luz que dissipa a escuridão.

Grazielle Ribeiro Novais Zanuto
Psicóloga